Minha primeira experiência com Surrealismo...
– Cansei de ficar
sentado – disse José levantando do chão.
O outro também levanta
do chão poeirento da casa velha onde se encontram. A casa é toda de madeira, em
cor marrom, construída sobre um solo arenoso. Não há janela, apenas uma porta
de madeira. A casa é oca, não há nada dentro das paredes exceto a sala de chão
arenoso.
– Pra onde vamos? –
Pergunta Gregório.
– Vamos Tentar. –
Responde José.
O casebre é vazio, os
dois passam a olhar para ele.
Os dois então saem, a
porta dá para uma estrada de terra, não se vê o fim desta. Os dois põem-se a
caminhar, não possuindo nada além de suas roupas, ambos vestem camisas e calças
marrons, suas vestimentas são idênticas.
O casebre desaparece ao
saírem dele, e a estrada atrás vai se desfazendo a cada passo dado, os dois
nunca olham para trás, apenas caminham focados na estrada a sua frente.
Na frente surgem dois
homens formalmente vestidos, ambos são gordos e vestem o mesmo tipo de
vestimenta: terno preto, calças pretas e sapatos também pretos, sob o tenho uma
camisa branca e gravata vermelha. Não apenas a roupa é igual, eles também
ostentam o mesmo corte de cabelo.
Eles bloqueiam a
estrada, José e Gregório ficam impossibilitados de passar, estão entre os dois
estranhos e o nada atrás deles.
– Nós viemos salva-los.
– Repetem os dois simultaneamente.
– Do quê? Pergunta
Gregório.
– Mais na frente há uma
tempestade, devemos ficar aqui para que não sejamos afetados.
– Isso é horrível! –
Surpreendem-se José e Gregório, que acreditam por inocência, pois não conhecem
a estrada.
– Nós podemos os
ajudar.
– Como?
Os dois homens de terno
tiram lenços de seus bolsos e pedem para que José e Gregório se aproximem, eles
se aproximam cautelosamente, então os dois homens de terno amarram os lenços
nos olhos deles, impossibilitando-os de usar a visão.
– Confiem em nós e
serão salvos – afirmam os dois homens de terno em certo tom de autoridade – não
questionem, pois qualquer erro pode ser fatal.
– Entendemos –
respondem Gregório e José.
Então os quatro ficam
ali parados, José e Gregório vendados pelos dois homens de terno a esperar
fugir da tempestade.
Anos depois os
esqueletos de José e Gregório estão lá aos pés dos homens de terno.
Outro homem vem
caminhando pelo lado oposto ao que vinham José e Gregório, veste um terno
idêntico ao dos dois homens, mas não traz em sua cabeça o mesmo penteado.
– Fui até lá e não há
tempestade.
Os dois homens de
terno, permanecendo de costas, afirmam.
– Você discorda. – Ao
dizerem isso, escorpiões começam a descer das mangas dos ternos dos dois
homens, os aracnídeos logo avançam contra aquele que discordou, não deixando
nada além da carcaça pútrida deste.
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